quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Crivella o canal entre governo e evangélicos


Crivella diz que será canal entre governo e evangélicos, o Senador do PRB tomará posse como ministro da Pesca na próxima sexta-feira. Ele diz que sua chegada à Esplanada dos Ministérios não está condicionada à retirada da candidatura de Celso Russomano em São Paulo


No mesmo mês em que o Planalto enfrentou uma crise com a bancada evangélica do Congresso Nacional, a presidente Dilma Rousseff decidiu indicar o senador Marcelo Crivella (PRB) para o comando do Ministério da Pesca. Em entrevista ao site de VEJA, o senador disse que estreitará a relação entre o governo e a igreja evangélica – à qual se converteu aos 7 anos. 
Discreto e governista de carteirinha, Crivella não entrou na briga entre parlamentares evangélicos e o governo. A bancada evangélica reagiu negativamente diante da nomeação de Eleonora Menicucci na Secretaria de Políticas para as Mulheres por causa de seu posicionamento a favor do aborto. Eleonora tomou posse no último dia 10. Cinco dias depois, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, pediu desculpas à bancada evangélica, mas por outro motivo: suas declarações no Fórum Social Mundial, em que pregou o confronto com evangélicos. O episódio causou tanto desconforto que Carvalho se retratou depois.
É exatamente esse tipo de discussão pública que Crivella, ligao à Igreja Universal, tentará evitar. À parte dos debates religiosos, o futuro ministro promete organizar a indústria da pesca. Mas admite que terá de estudar bastante, já que não entende do assunto.
Sobre as eleições de 2012, Crivella garante: apesar de ter sido contemplado com um ministério, o PRB não vai retirar candidaturas da legenda em municípios. Celso Russomano, por exemplo, continuará pré-candidato da legenda rumo à prefeitura de São Paulo. Leia abaixo a entrevista que o novo ministro concedeu ao site de VEJA:
De que forma o senhor pode colaborar para estreitar os laços entre governo e evangélicos? Sempre contribuí, independentemente de estar no governo eu nunca regateei o meu apoio à presidente, porque acredito nas suas intenções, na sua capacidade. E participei de sua campanha ativamente. De tal maneira que estarei disposto a conversar com todos os pastores que conheço há anos e todos movimentos evangélicos. Me converti com 7 anos de idade e tenho 54, portanto, conheço praticamente todas as igrejas do Brasil e todos os líderes. E o que puder fazer para dirimir as controvérsias, farei. A presidente pode contar com o apoio dos evangélicos na implementação das boas políticas públicas. Sendo integrante da bancada evangélica e fazendo parte do grupo dos assessores diretos da Presidência, acho que poderei ser, sim, um canal para estreitar os laços.  
Inclusive em temas controversos, como o aborto? A presidente já conhece a posição dos evangélicos sobre essas questões, somos pró-vida. Mas a minha missão é a pesca, melhorar o setor pesqueiro no Brasil, organizar o setor, a área industrial e cuidar dos pescadores. 
Agora que o PRB foi contemplado com um ministério, como ficam as alianças nas eleições municipais de 2012? Nós temos caminhado com o PT em vários locais, mas quero afirmar categoricamente que em nenhum momento nós do partido recebemos qualquer proposta política, de apoio ou de contrapartida para assumir o ministério.
Nem em São Paulo, onde Celso Russomano (PRB) deverá disputar contra o petista Fernando Haddad? Em São Paulo temos um excelente candidato, é o primeiro nas pesquisas. Jamais assumiria esse ministério se fosse condicionado a retirar a candidatura de um companheiro por quem tenho o maior apreço e respeito.
Quando recebeu o convite para assumir o cargo? Hoje foi a confirmação, mas recebi o convite no final de semana. Tratamos exatamente da entrada do PRB no governo e da pesca. Passei a ler sobre o assunto e conversar com amigos, tenho muito o que aprender.
A presidente fez alguma recomendação para o senhor? Tivemos uma conversa muito amena, muito agradável. Ela me pediu que tivesse um cuidado todo especial com os pescadores do Brasil. Ela acha que devemos organizar o setor da pesca. O Brasil está produzindo muito pouco, em torno de 1 milhão de toneladas e isso é menos do que o Peru produz. A presidente tem uma preocupação social muito grande, a mesma preocupação que me levou a passar dez anos na África. Espero estar à altura do que recebi. 

Inf. Veja

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